39.
A PESCARIA
(fatos
ocorridos entre 1973 e 1977)
Meu
casamento, enquanto durou, foi maravilhoso, nós estávamos
sempre viajando e acampando, nos divertíamos a valer.
Nunca fui um bom pescador mas sempre gostei de pescar por
prazer, um dia ouvimos falar do Rio dos Bois, que era um ótimo
local para acampar e pescar e planejamos uma pescaria com
meu ex-cunhado Greisson, de 16 anos.
A
presença do meu ex-cunhado se devia à minha
preguiça com tarefas maçantes como montar a
barraca, buscar lenha e água, reconheço. Mas
além disto o Greisson era uma ótima companhia,
sempre alegre e disposto a participar de nossas engraçadas
excursões. Se eu fosse relatar todas as nossas pescarias
e caçadas daria um outro livro.
Chegando
ao local de nossa aventura começamos a descarregar
os equipamentos e a montar o acampamento. Assim que tudo ficou
pronto peguei meu facão novinho em folha e partí
para a margem do rio, seria necessário desmatar um
pouco o local para que pudéssemos pescar ali sem perigo.
Começei a cortar o mato sentindo-me um aventureiro,
quando o Greisson se aproximou e pediu para fazer o serviço.
Como eu já estava suado e cançado e vi nele
uma grande ansiedade resolvi deixar. Fui até o acampamento
para beber um gole de água e depois de alguns minutos
chegou o Greisson totalmente ensopado, ele havia caído
no rio.
Perguntei-lhe
o que acontecera e ele me disse que, por engano, cortara o
cipó no qual estava se apoiando sobre o rio e, assim,
mergulhou no rio. Já ansioso perguntei-lhe sobre meu
facão novinho e ele, coitado, olhando para o chão
me contou que o facão ficara enterrado no fundo do
Rio dos Bois. Na hora pensei em mergulhar para pegá-lo,
mas depois mudei de idéia, eu poderia não voltar
de tão arriscada empreitada.
Logo
esqueçemos desta história e passamos a pescar
e a nos divertir em nosso acampamento, depois de dois dias
recolhemos tudo, menos o facão, e pegamos a estrada
de volta para casa. Naquela época eu e o Greisson gostávamos
de caçar e da estrada avistamos um bando de patos selvagens
sobre uma pequena plantação e resolvemos que
comeríamos um Pato à Pequim no jantar.
Descemos
do carro silenciosamente, eu portava uma espingarda semi-automática
calibre 22, de 16 tiros sequenciais e com mira telescópica
e o Greisson uma pistola Beretta calibre 22 cano curto, de
minha propriedade. Não eram as armas adequadas para
aquele tipo de caça, mas iríamos improvisar.
Aproximamos dos patos e quando nos posicionamos para atirar
algo espantou os patos que saíram em revoada.
Acompanhei
os primeiros instantes do vôo dos patos disparando meus
16 tiros sequenciais, mas não acertei nenhum, apesar
de minha boa pontaria. O Greisson, quando viu que eu não
havia derrubado nenhum pato ergueu a mão e disparou
um único tiro certeiro. Ele, para minha inveja, garantiu
nosso jantar com um único tiro, sorte de principiante...
Assim
esta pescaria ficou para a história, até hoje
quando nos encontramos damos boas risadas de tudo o que aprontamos
nesta viajem, teve até o caso de um porco que eu quase
atropelei e que o Greisson queria que eu parasse o carro para
que ele pegasse o porco para nossa festa de fim de ano. Era
realmente uma aventura!