24.
DA PIZZA NAPOLITANA AO SCALA DE MILÃO
(fatos ocorridos entre 1965
e 1966)
Ao
chegarmos a Nápoles e avistar sua baía, tivemos que concordar
com o ditado: Ver Nápoles e depois morrer! Mas ao experimentarmos
a famosa Pizza Napolitana concluímos que a nossa é muito melhor.
Passeamos pela cidade com suas vielas e casas antigas, onde
nunca falta uma roupa pendurada na janela. Gostaria de passar
uns meses ali, se pudesse, mas nosso tempo estava acabando.
Em
Nápoles nos demos ao luxo de alugar um carro para visitar
a região. A cidade de Sorrento, imortalizada pela famosa canção
"Torna Sorrento", parece que foi montada ali, naqueles
montes avermelhados sobre o mar, apenas para que a admirássemos.
Como é bela! Fiquei imaginando o trabalhão que a população
local deve ter para ir se banhar no mar, descendo aqueles
penhascos. Aposto que ali tem um bom hospital ortopédico.
Outra
viagem que fizemos foi à cidade de Pompéia. Fiquei impressionado
como uma cidade inteira foi salva enquanto a maioria de seus
habitantes eram mortos. No ano de 79 AC Pompéia era uma das
cidades mais importantes do Império Romano. Repentinamente
o vulcão Vesúvio, que fica muito próximo da cidade, teve uma
violenta erupção, cobrindo a cidade de cinzas e matando seus
habitantes sufocados.
Séculos
depois, a Prefeitura de Nápoles, que na época do cataclismo
em Pompéia era apenas uma pequena vila, resolveu criar uma
tubulação para levar o esgoto da cidade para o alto mar, contornando
a baía. No meio das escavações toparam com uma cidade soterrada
em perfeitas condições. Deixaram a tubulação de lado e começaram
a desenterrar Pompéia, que hoje já está quase toda exposta.
Comecei a andar pela cidade e a cada passo mais me impressionava.
Tudo estava exatamente como no dia da tragédia, casas, vendas,
palácios, o fórum e as termas. Comecei a me sentir um centurião
romano, caminhando por aquelas ruas calçadas de pedra. Entrava
nas casas e até os afrescos nas paredes estavam perfeitos.
No
museu da cidade encontramos até antigos moradores perfeitamente
conservados pelas cinzas. Alguns destes moradores tinham moedas
de ouro nas mãos e uma expressão horrível no rosto, revelando
que devem ter retornado à cidade para buscar suas riquezas
ou para saquear e acabaram morrendo sufocados. Depois de passearmos
pela região, voltamos para Nápoles impressionados, ninguém
é mais o mesmo após ter visitado Pompéia.
A
Itália talvez seja o país a guardar as maiores riquezas culturais
e históricas do planeta, cada cidade nos trazia uma surpresa
maior. No dia seguinte nos despedimos de Nápoles para retornar
a Roma, de onde partiríamos para novas aventuras, agora em
direção ao norte. Depois de uma semana nos despedindo de Roma
(pois pensávamos que nunca mais voltaríamos), pegamos uma
carona para Milão. Se fôssemos comparar a Itália ao Brasil,
Nápoles seria o Rio de Janeiro e Milão seria São Paulo. Milão
é uma cidade de tons mais cinzas, com belos prédios centenários
e uma indústria muito atuante.
A
primeira coisa que fiz foi me dirigir ao Scala de Milão, para
cantar em suas escadarias, porque deste modo eu poderia dizer
aos meus parentes e amigos que cantara no Scala de Milão!
Precisávamos nos dirigir a Genebra, Suíça, onde nos encontraríamos
com minha prima Dorinha, que lá estudava. Dorinha iria nos
entregar mais quinhentos dólares para, dali, sairmos para
conhecer os demais países da Europa. Quando vimos que nossa
economia estava reduzida a alguns poucos dólares, partimos
para Genebra.